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Visitámos o Vale do Sousa

O Grupo Folclórico da Casa do Povo de São Caetano realizou, um périplo pelo Norte do País, assentando arraiais na Região do Vale do Sousa, mais concretamente, na freguesia de Meinedo, concelho de Lousada, como convidado do Rancho Folclórico das Lavradeiras do Vale do Sousa, de Romariz, para um encontro, agendado há um ano atrás, no âmbito de um intercâmbio cultural, estabelecido entre as duas coletividades.
Partindo do aeroporto da Horta, no pretérito dia 16 de agosto, o Grupo Folclórico da mais jovem freguesia do Concelho da Madalena, constituído por cerca de quarenta elementos, rumou a Lisboa, onde fez uma escala rápida. Após uma longa viagem de autocarro, entre a capital e a vila duriense de Lousada, o Grupo Folclórico de São Caetano foi recebido, calorosamente, pela maioria dos elementos do grupo anfitrião, apesar do adiantado da noite. Em Lousada, os representantes da “ilha montanha” foram confrontados com calorosa e inédita receção, onde não faltaram cantares, rufar de tambores, toque de concertinas e fogo-de-artifício. Após momentos de cativante convívio, apesar do cansaço excessivo, o grupo foi alojado nas modernas e magníficas instalações do Complexo Desportivo de Lousada, localizado nos arrabaldes da vila, na freguesia de Cristelo.
O acolhimento, por terras do Vale do Sousa, do Grupo Folclórico de São Caetano, por parte do Rancho Folclórico das Lavradeiras do Vale do Sousa, quer no que concerne a alojamento e alimentação, quer relativamente a passeios, diversões e lazer, foi excecional, tendo aquela instituição disponibilizado à comitiva picoense a companhia, permanente e contínua, de três jovens elementos do rancho, a fim, não só de lhes prestar as informações necessárias, mas também de os acompanhar e apoiar no que necessitassem. De salientar que a atenção dispensada e os cuidados tidos por parte daquele rancho duriense, a fim de que nada faltasse e todos se sentissem bem, foram excelentes. O acolhimento oferecido foi considerado, por todos, “perfeito e exemplar”.
Em contrapartida, poderá dizer-se, em abono de verdade, que o Grupo Folclórico de São Caetano do Pico, também teve um comportamento e atitudes modelares, deixando por toda a parte um rastro de respeito, consideração, estima e simpatia. Além disso, nos espetáculos em que participou, o grupo picoense não só trouxe, como também expeliu e esparramou, nas noites escaldantes durienses, o furor lávico da sua música, do seu bailar e das suas coreografias - estonteante perfume da história, da cultura, das tradições, dos costumes e dos cantares duma ilha, que tenta, cada vez mais, em se espelhar na grandiosidade do seu passado e de se ostentar nas vivências do seu presente.
O Grupo Folclórico da Casa do Povo de São Caetano do Pico atuou em três festivais. Primeiro, na própria freguesia de Meinedo, uma das 25 do Concelho de Lousada, ombreando com ranchos folclóricos de renome nacional, como o Rancho Folclórico Tá-Mar da Nazaré, o Rancho Folclórico os Camponeses da Beira-Rio, da Murtosa-Aveiro e com o rancho anfitrião. Um espetáculo de grande qualidade, balizado num espaço histórico, numa das freguesias mais populosas do Concelho de Lousada, com cerca quatro mil habitantes, quase equivalente ao concelho da Madalena, tendo como ex-libris a igreja românica de Santa Maria Maior, cuja fundação remonta ao século XIII. Sabe-se que nos primórdios do cristianismo na Península, Meinedo, então designada por “Magneto”, terá sido a primeira sede da Diocese do Porto.
A segunda participação do Grupo Folclórico de São Caetano, teve lugar na não menos histórica freguesia de Cárquere, Concelho de Resende, junto ao Mosteiro que na Idade Média foi, depois de Santiago de Compostela, um dos maiores centros de peregrinação da Península Ibérica, construído por Egas Moniz e sobre cujo altar – ainda hoje ali existente – se terá verificado “a cura milagrosa” do menino que viria a ser o primeiro rei de Portugal – Afonso Henriques. Nesta atuação o Grupo Folclórico de São Caetano atuou, entre outros, juntamente com ranchos de Aveiro, Paranhos (Porto), Paços de Ferreira e o de Cárquere.
Finalmente, num terceiro espetáculo, o grupo de São Caetano atuou em plena Vila de Lousada, perante numeroso público, no largo do Senhor dos Aflitos, por coincidência, frente à estátua de um dos mais ilustres lousadenses - Dom António Augusto de Castro Meireles, 34º bispo de Angra (1924-28) e, depois, bispo do Porto.
Os restantes dias e os tempos livres foram ocupados com um diversificado e cativante programa, com uma agenda muito bem elaborada, incluindo passeios e visitas de grande interesse histórico, cultural e paisagístico, acompanhados de uma gastronomia de excelente qualidade e, nalguns aspetos, muito semelhante à picoense. Afinal “é mais aquilo que nos une do que o que nos separa”.
Entre as localidades visitadas, para além duma ida a Espanha, destaque para Penafiel, Lousada, Régua, Pinhão, Braga, Porto, incluindo uma visita às Caves do Vinho do Porto em Vila Nova de Gaia e uma outra, à Quinta da Aveleda, nos arredores de Penafiel
O Grupo Folclórico de São Caetano, a convite do Rancho Folclórico de Pinheiros, que há três anos visitara a ilha do Pico, ainda se deslocou à vila de Monção, a que pertence aquela freguesia raiana, onde pernoitou, participando num magnífico arraial, nas margens do rio Gadanha, sendo, então, surpreendido com a presença do grupo da Lousada que percorreu grandes distâncias para estar presente e acompanhar os seus amigos picoenses. Em Monção o grupo açoriano foi recebido pela edilidade, numa cerimónia em que não faltou um “Alvarinho de Honra”.
Segundo um dos elementos do grupo “Foi nosso intento através das nossas autuações promover a nossa terra e a nossa cultura, o que acreditamos ter sido bem concretizado pela reação do público, em geral.” e acrescentou “De referir ainda a forma saudável vivida entre os dois grupos, a amizade, o companheirismo, a alegria, o convívio que marcaram não só as jornadas, com também os serões prolongados num misto de cordas e concertina, a par de cantigas ao desafio, Viras e Chamarritas que engrandeceram a sensibilidade estética e artística de ambos os grupos.
Na realidade esta visita consubstanciou-se num misto de dias e noites fantásticas, de cor, de sons, de movimento e de alegria, onde o Grupo Folclórico de São Caetano espalhou toda a sua classe, dignidade, singeleza e performance, deixando aos presentes uma deslumbrante e transcendente imagem, não apenas da freguesia de São Caetano, mas também da ilha do Pico, transformando-se, assim e de que maneira, num magnífico embaixador da sua cultura, dos seus costumes, dos seus valores, dos seus potenciais turísticos e, como não podia deixar de ser, dos seus bailados e da sua música, numa palavra espalhando, por terras durienses e pelo norte de Portugal o verdadeiro e inconfundível “furor da lava picoense”.

por Carlos Fagundes, em jornal Ilha Maior e blog Pico da Vigia 2

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