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Caracterização

RESENHA HISTÓRICA DA ILHA
  A Ilha do Pico, na Região Autónoma dos Açores, foi povoada inicialmente por gentes do Norte de Portugal. Mais tarde, Flamengos que se haviam fixado na vizinha ilha do Faial, também se distribuíram pela ilha do Pico, influenciando assim, o modo de viver das primeiras populações. Outros, ainda, provenientes da Estremadura ou das Beiras, deixaram, de igual modo, aspectos que, ainda hoje se reflectem na toponímia, nas expressões e nos sotaques diferenciados das nossas gentes.

A paisagem envolvente, os condicionalismos físicos da ilha calcinada pela lava, o seu povoamento disperso fizeram do picaroto um homem invulgar, habituado a viver na solidão insular, lutando com a aridez basáltica dos campos de lava, com a ameaça destruidora dos terramotos e vulcões e com a fúria do mar e dos ventos ciclónicos.

Muitos, porém, não aguentaram o peso da fatalidade, de tal modo que, hoje, no conjunto açoriano, a Ilha do Pico é particularmente despovoada, verificando-se a dispersão dos seus naturais e descendentes por outras ilhas, pelas mais diversas regiões e por outras terras estrangeiras, nomeadamente Estados Unidos da América do Norte e Canadá, onde as comunidades da diáspora ultrapassam, em número, a minguada população local.

Fruto de muito esforço e canseiras, ficou-nos ainda o verde tenro dos vinhedos, matizando com nuances o negro do basalto. Mãos dedicadas continuam a arte das rendas e dos bordados. Espólios museológicos evocam a gesta de baleeiros destemidos que foram de aquém e de além-mar. Campos edificados em currais de muito suor, erguidos, pedra a pedra, sobre o chão basáltico, que se fez vinho e pão, são agora, património da humanidade. As malhas cinzentas e historicamente dramáticas dos mistérios feitos de lava atestam épocas de terror e de singulares manifestações de fé, cujas tradições ainda perduram. Continuamos a saborear o rescendente verdelho, vinho que outrora se exportou em larga escala para as Américas e Norte da Europa, tendo sido manifestamente apreciado pelos czares da longínqua e antiga Rússia.

A nossa paisagem permanece serena e quase inalterada desde as reentrâncias da orla costeira com apreciáveis formações de lava onde se distinguem portinhos e piscinas naturais, passando pelo interior da ilha semeada de magníficas grutas vulcânicas e encantadoras lagoas envoltas em vegetação endémica.

É assim o Pico a elevar-se sobre o espelho cristalino do mar em majestosa montanha erguida ao céu que constitui o ponto mais alto de Portugal e de todo o Atlântico Norte.

“O Pico é mais que uma ilha – é uma estátua erguida até ao céu e moldada pelo fogo”.(Raul Brandão Ilhas Desconhecidas).

Como reconhecimento da sua extraordinária beleza, a sua montanha foi eleita uma das Sete Maravilhas de Portugal, no ano 2010.


Localização Geográfica/Origem

Localizada na zona sul da Ilha do Pico, a Freguesia de S. Caetano situa-se no extremo do Concelho da Madalena, entre as Freguesias de S. Mateus, pertencente ao mesmo Concelho e da qual outrora fora parte integrante e, da Freguesia de S. João, integrada no Concelho das Lajes do Pico, denominado pelos nossos antepassados de “Vila”.

Ladeada por uma Baía de beleza inconfundível, a freguesia de S. Caetano é um lugar que une o mar à terra e a simplicidade das suas gentes e costumes às exigências da actualidade.

Da Freguesia de S. Caetano fazem parte os lugares da Prainha do Galeão, lugar do Caminho de Cima e o lugar da Terra do Pão.

É de referir que os primeiros povoadores entraram na ilha no sítio das Lajes, fixando assim o seu primeiro povoado. Estes povoadores, ao atravessarem a ponta do Mistério, depararam-se com uma linda e grande baía, com características extraordinárias para a pesca. Na falda do Pico encontraram um vale com três fontes, de água cristalina, que seria útil à sua sobrevivência, mais a leste excelentes terrenos para o cultivo de cereal, sendo, por essa razão, o lugar denominado de Terra do Pão. Estavam assim, encontradas as condições para aí se fixarem.

Na primeira leva estabeleceram-se sete famílias. Consta que o Capitão Donatário Garcia Gonçalves Madruga, aproveitando a excelente situação geográfica da zona, mandou construir um Galeão, a que pôs o nome de Santíssima Trindade, e foi oferece-lo ao Rei D. João III. O Rei ficou muito grato pela oferta, perdoando assim a enorme quantia de dinheiro que o dito devia à Fazenda Real. Por tal facto e, também pela existência de um pequeno areal, o local passou a denominar-se Prainha do Galeão.

Não será de todo descabido mencionar que a fé acompanhou sempre os povoadores desde o inicio da sua fixação na ilha. Uma vez que este sítio ficava a uma distância considerável do centro de culto mais próximo, Francisco Pires Flores mandou construir uma ermida no Porto da Prainha do Galeão, tendo como orago S. Caetano. Com o passar dos anos a ermida foi-se degradando e houve a preocupação de se construir uma igreja num lugar mais central do povoado, sendo seu impulsionador, Manuel Silveira de Melo. A sua construção arrastou-se durante alguns anos, sendo a escassez de madeira, uma das razões.

Um dos factores que colmatou a falta de madeira foi o naufrágio de um barco italiano proveniente de Vicenza que vinha carregado de trigo. Dos destroços desse barco foi aproveitada a madeira necessária à conclusão do templo. É de salientar que a trolha que suporta o coro, e que ainda hoje lá se encontra, é proveniente desse barco.

O povo atribuiu tal facto a um milagre de S. Caetano, sacerdote de Vicenza e patrono do então Curato.

Convém referir que os lugares de Prainha do Galeão e Terra do Pão foram elevados a freguesia de S. Caetano no ano de 1880. Em 1886 foi considerado paróquia.

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